Feliz Ano Novo, adeus Ano Velho

Por P. Mauro Odorissio, CP

Mais um pouco e, a pleno pulmão, umas pessoas sóbrias, e outras já viajando pela estratosfera, portanto, bem distantes do aqui e do agora, cantarão “Feliz Ano Novo, adeus Ano Velho”. E trocarão votos de felicidades, desejarão boa sorte e tantas outras coisas mais. Desejarão umas às outras, feliz 2013. As mais “conscientes e atualizadas”, estarão de branco, comerão lentilhas.

Contudo, milhões de pessoas no mundo ignoram que está havendo a passagem de um ano para o outro. E não é por ignorância, não. Nem por falta de comunicação ou de desinteresse.

Nós comemoramos o ano 2013 depois de Cristo. Mas, com toda certeza, Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro e nem no ano1. Adata do nascimento do Senhor foi escolhida nesse dia para substituir a festa pagã “Natalis Invicti”, a saber, o deus pagão menino sol. Nessa data os romanos celebravam a vitória da luz sobre as trevas: a noite mais longa do ano começava a ceder lugar às sucessivas cada vez mais curtas. Para mostrar que a verdadeira luz do mundo a vencer as trevas era Cristo (Jo 8,12), inteligentemente, a Igreja, mais pensando no mistério a ser celebrado que em data, escolheu o dia 25 de dezembro como o dia natal do Senhor.

É pacífico, ainda, que Jesus não nasceu, também, no ano 1 do nosso calendário. Teria nascido uns seis anos antes da era cristã. A escolha do ano 1 se baseou no cálculo feito pelo monge Dionísio o Pequeno. Pelos documentos disponíveis, então, o erro dele não foi tão grande. Sabemos, atualmente, que Herodes, o perseguidor do Menino Jesus, morreu no ano4 aC. Consequentemente Jesus deve ter nascido entre os anos 5-7 aC.

Se a hora, o dia e o ano do nascimento do Senhor interessaria à história, em si, esses dados não são relevantes para a fé que considera mais o mistério do Deus conosco.

Assim, outros povos têm seus critérios próprios para formar o próprio calendário. Os judeus enumeram os seus anos tentando calcular o quando da criação do mundo, e os romanos montavam  os anos do calendário deles a partir da fundação de Roma (753 aC).

Apenas de passagem recordamos que o tempo por nós concebido, é uma categoria mental, é um “faz de conta” pelo qual procuramos nos situar. Em si, ele não existe; o que existe, mesmo, é a eternidade, essa grande permanência, indivisível. Interessante a definição de eternidade dada por Boécio: “posse total, simultânea e perfeita de uma vida sem fim”. Apenas como quebra-cabeça deixamos a interrogação: se existe o tempo, em que tempo começou o tempo?

1º de Janeiro. A data é bastante comemorada, inclui votos de felicidades, de dinheiro no bolso, etc. não faltando as ridículas superstições dos que nelas acreditam e que, outra eficácia não tem, a não ser revelar a imaturidade de pessoas supersticiosas. O importante é que esse dia foi escolhido como o dia da “Paz e da Fraternidade Universal”.

Sobremaneira os que vivem nos grande aglomerados humanos sentem o peso da falta de paz, e da fraternidade. O ser humano é naturalmente sociável, mas, deixa a impressão de não saber viver pacificamente próximo do outro. O que acontece entre as pessoas, acontece, em grande escala, entre os diversos grupos, as diversas culturas, os diversos povos. Os mais poderosos exploram os mais fracos. Isso em plano internacional, grupal, familiar, pessoal.

Porém, nesse quase cataclismo universal existem pessoas de boa vontade que lutam pela paz. Paz que não pode ser somente ausência de guerra, mas também condições para que todos possam participar dos bens que o Criador deixou para todos os seres humanos. E que, os seres humanos deixem de ser um lobo para o outro (homo homini lúpus), conforme Hobbes, ou mais precisamente, Plauto.

Nesse estado de coisas é das pessoas de fé, e sentindo o eco do Natal, fazer frente comum contra todo tipo de violência, de injustiça. Mas não, alienada, caricata e ridiculamente, apenas usando roupa branca, dando pulinhos, comendo lentilha ou grãos de romã ou quejando.

Bem ao contrário, que a justiça, a fraternidade e o amor sejam acolhidos e vivenciado a começar na vida pessoal, familiar, passando para a profissional, social, até alcançar os confins da terra.

Se todas as pessoas de boa vontade se derem as mãos, haverá “glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14).