Por P. Mauro Odoríssio, CP
A palavra orago não parece ser muito palatável, domesticada. Talvez por carência de uso, por não fazer parte da linguagem trivial.
Para facilitar, propiciamos umas pistas de reflexão: dia 20, neste mês de janeiro, a Igreja celebrou S. Sebastião. Esse Santo, bastante conhecido e muito invocado, dá o nome a muitíssimas pessoas e também a várias cidades de nosso Brasil: S. Sebastião, no litoral paulista, S. Sebastião do Rio de Janeiro, S. Sebastião do Paraíso…
Como existem pessoas e cidades que trazem o nome do Santo, também existem igrejas e comunidades paroquiais assim identificadas. Por sinal, a nossa é a Paróquia S. Sebastião.
Antes de outras considerações, é importante considerar que sua origem quase que coincide com a da nossa cidade de S. Carlos. No início era uma pequenina capela construída onde, atualmente, está o Instituto Dr. Álvaro Guião. Com o passar do tempo, a ermida foi transladada onde se encontra, agora, a nossa igreja.
Com a chegada dos jesuítas em S. Carlos(1910), a capelinha lhe foi entregue aos seus cuidados. O casario ao redor foi aumentando, a afluxo dos fiéis crescendo e a necessidade de uma construção maior para o culto se impôs. Foi construída a igreja atual, só com a nave central, assim como o convento, ao lado. Na inauguração e bênção do novo templo ele recebeu o nome de Igreja do S. Coração de Jesus e de S. Sebastião.
1932: os jesuítas são substituídos pelos passionistas. A comunidade continuou crescendo e com ela surgiam necessidades de maior autonomia. Então, em 1972 a Igreja do S. Coração de Jesus e S. Sebastião se tornou a sede da PARÓQUIA S. SEBASTIÃO. Portanto, o Santo é o Orago de nossa comunidade paroquial.
Orago, no caso é o título que identifica a nossa comunidade paroquial entre tantas outras congêneres em nossa cidade, em nossa Diocese alhures. No caso, é um “princípio de identificação”, como o nosso nome o é entre tantas outras pessoas existentes.
Mas, S. Sebastião é, também, o nosso protetor, o nosso intercessor. É de ele nos proteger, de rogar por nós junto ao Pai Celeste. De certa maneira é quem ora, quem suplica, quem proclama em nosso favor. Então, além de nos identificador entre as demais comunidades, o nosso Orago age ativamente em favor de seus protegidos: os paroquianos de S. Sebastião.
Orago assume, ainda, nova conotação: o de ser um luzeiro, um guia, um modelo. Torna-se uma bandeira, um estandarte a guiar nossa caminhada. É do bom paroquiano, porém, ir tomando a cara, o jeitinho do Padroeiro. É de dele conhecer as virtudes que o ornamentaram, imitá-lo. Em outras palavras, deve vestir a camisa do Santo.
Nestas alturas é bom recordar que, oficial do imperador, ornado de muitas qualidades, tinha tudo para, em pouco tempo, galgar os mais altos graus na jerarquia militar. Era capaz, inteligente, honesto, dedicado, valoroso. Mas, para subir lhe era necessário abrir mãos de certos princípios: honradez, honestidade, coerência e, principalmente a fé em Cristo. Mas, Sebastião não era carreirista, não era venal. Assim sendo, não se curvou nem mesmo ante o imperador.
Condenaram-no, então, a morrer flechado. Assim torturado e tido como morto, foi abandonado exangue. Os irmãos na fé, em lugar de um cadáver necessitado de uma sepultura cristã, encontraram-no vivo, mas, carente de assistência e de cuidados especiais.
Uma vez recuperado, apresentou-se novamente ao imperador, pronto a servi-lo, bem como ao império. Mas, na honradez, na honestidade. Foi condenado, então, a morrer a bordoadas.
De imediato passou a ser venerado pela comunidade cristã. Essa devoção foi se difundindo, alcançando, com o tempo, todos os recantos da terra.
Numa sociedade nem sempre cultuadora da honestidade, do bem, da fidelidade, S, Sebastião é modelo atualíssimo. É, então, de todos os paroquianos refletir e imitar S. Sebastião em suas virtudes, máxime do amor aos irmãos e na fidelidade a Cristo.
Que o nosso Orago interceda por nós e nos seja modelo e apoio.