Hosana ou Crucifica-o?

Texto de P. Alcides Marques, CP

Muitas vezes, ouvimos dizer que o mesmo povo de Jerusalém que gritou “Hosana”, por ocasião da entrada de Jesus na cidade, dias depois gritava, crucifica-o! Ou seja, quando estavam na expectativa da vitória de Jesus, aclamavam; quando perceberam que Jesus estava nas mãos de seus inimigos, condenavam. Na realidade não foi bem assim.  Quem gritou Hosana foram os discípulos de Jesus e alguns peregrinos que iam para Jerusalém; quem gritou crucifica-o foram outras pessoas, insufladas pelos sumos sacerdotes. Foram pessoas diferentes, que tomaram diferentes posturas diante do mesmo Jesus.

Não resta dúvida que os discípulos abandonaram Jesus na hora da sua paixão. Mas eles não condenaram Jesus. Deixaram-se levar pelo medo. Poderíamos dizer o seguinte: os mesmos discípulos que gritaram “Hosana”, depois ficaram calados. Foram silenciados pelo medo e pelo desenrolar dos acontecimentos. Não conseguiram caminhar com Jesus até a cruz. Caminhar com Jesus antes da cruz (vida pública) e depois da cruz (ressurreição), eles conseguiram. Durante a cruz, não.

No domingo de ramos somos convidados a fazermos a experiência de aclamar Jesus como nosso rei. Mas não podemos esquecer que Jesus é um rei diferente: veio montado num jumentinho. Jesus é um rei que veio para servir, que veio para dar a vida. Os outros reis nos possuem, Jesus nos liberta. Essa é a diferença. Você está sendo convidado a tomar uma decisão: quem vai reinar em minha vida? Jesus ou…? A participação na procissão de ramos não é apenas uma encenação, mas o convite a uma EXPERIÊNCIA: a experiência de manifestar publicamente e, sobretudo a si mesmo, o reinado de Cristo.

Mas é preciso ir além. Uma grande diferença entre nós e os primeiros discípulos de Jesus, é que eles não tinham tido ainda a experiência do Senhor ressuscitado. Não tinham condições de enfrentar o medo. Nós, ao contrário, sabemos que o Senhor ressuscitou. Por isso, temos que aclamar Jesus como rei em todos os momentos, inclusive nos momentos de cruz. Com isso, além da experiência do reinado de Cristo em nossas vidas, devemos nos comprometer a reconhecer tal reinado na hora da cruz. Não fugir da cruz. Fugir da cruz é fugir de Jesus. Somos discípulos de Cristo sempre, não na hora em que nos é conveniente. Seguir Jesus é uma questão de tudo ou nada. Não é possível meio discípulo. Que sejamos discípulos inteiros.