Cristo Ressuscitou, aleluia!

Texto de P. Alcides Marques, CP

“E se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé” (1 Cor 15,14). O que São Paulo Apóstolo quer dizer é que a ressurreição de Cristo não é apenas mais um detalhe da fé cristã. É o alicerce, a raiz, o fundamento. Sem a ressurreição de Cristo, tudo o que falamos sobre ele (e sobre nós) não passa de conversa vazia, sem sentido. Sem a ressurreição de Cristo, a fé que dizemos possuir nele não vale absolutamente nada, não serve para nada.

Todas as pessoas sinceras, tendo ou não fé em Jesus Cristo, reconhecem um grande valor em seus ensinamentos. Gandhi e o Dalai Lama, por exemplo, sempre reconheceram a importância da mensagem de Jesus Cristo.  Mas eles não são cristãos. Isso porque não basta ser admirador de Jesus Cristo, seu fã, gostar de seus ensinamentos, valorizar suas atitudes, para ser um cristão. Cristão é aquele que segue Jesus. “Vem e segue”, dizia ele.

Se você não segue Jesus, não é cristão. Pode até ser “católico”, mas cristão não é. Então, o que é que quer dizer isso de seguir Jesus? De um modo bem simples, poderíamos dizer o seguinte: segue Jesus aquele que reconhece nele (Jesus) o libertador da escravidão do pecado (redenção ou salvação), deixa-se envolver pelo seu amor misericordioso e que faz dele (Jesus) o critério último de todas as suas decisões. Para isso, é preciso crer na pessoa de Jesus Cristo – não somente em suas ideias e exemplos. É aqui que entra a fé na ressurreição. Jesus está vivo e presente entre nós.

O testemunho dos primeiros cristãos é de que Cristo ressuscitou. E eles assim testemunharam, não porque encontraram o sepulcro vazio, mas porque viram o Senhor ressuscitado. Esse “viram” é uma experiência real, embora seja um ver diferente, espiritual – consequência de uma revelação especial de Deus.

A fé na ressurreição não veio de uma conclusão obvia. Isso porque Jesus morreu como um fracassado, um maldito, abandonado pelos seus próprios seguidores. Até Barrabás teve quem o defendeu. Mas Jesus, não. Para os seus discípulos, a fé nele sucumbiu à sua paixão e morte na cruz. Jesus perdeu. Mas eis que, pouco tempo após a sua morte, os seus discípulos disseram – e pagaram com a própria vida o que disseram – que Ele ressuscitou. Essa fé, que veio de geração em geração, chegou até nós e algo em nosso coração confirmou tal testemunho. É por isso que cremos em Jesus ressuscitado. E por causa dele, cremos que também ressuscitaremos.

É assim que a nossa vida se constrói: a partir da fé na ressurreição. E essa fé não é apenas uma esperança para depois, mas a energia que invade o nosso ser a cada momento, uma energia que faz com que o NOVO sempre prevaleça. Renove-se. Transforme-se. Deixe-se invadir pela fé na ressurreição. Sinta uma alegria interior invadir a sua existência. Sinta-se em paz.

“Entre tanta notícia de Morte, Tu tens a Palavra da Vida. Sob tanta promessa fingida, sobre tanta esperança frustrada. Tu tens Senhor Jesus, a última palavra. E nós apostamos em Ti!” (Missa dos Quilombos, Milton Nascimento).