Texto de P. Alcides Marques, CP
A visita do papa Francisco ao Brasil (de 22 a 28/07/2013), por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, deve ser interpretada à luz de nossa fé em Jesus Cristo. O papa não veio com a intenção de ser famoso e admirado pelas pessoas, mas de ajudar o mundo e as pessoas a redescobrirem a importância e o significado de Jesus Cristo.
Tal visita foi carregada de uma série de significados. A visita de um papa sempre é importante. Basta salientar as visitas de João Paulo II e de Bento XVI. Mas esta trouxe mais novidades. E novidades são sempre bem-vindas. Pois, “evangelho” quer dizer boa notícia.
O papa Francisco tem buscado se comportar, na medida do possível, do mesmo jeito que se comportava antes, como arcebispo de Buenos Aires. É por isso que ele tem surpreendido a muitos com o seu jeito simples de ser. Já no primeiro dia ele surpreendeu por andar num carro mais simples e com os vidros abertos. Ele queria ver e deixar-se ver pelas pessoas. Quantas vezes nós nos tornamos “invisíveis” aos outros e quantas outras vezes recusamos ver as pessoas, principalmente as que mais precisam de nós.
Em sua fala transparece uma opção preferencial pelos jovens e idosos. Os jovens, porque são os mais capacitados a sempre alimentar o sonho de um mundo melhor e os idosos, pela sabedoria de olhar a vida, suas riquezas e desafios. Sonho e sabedoria, duas atitudes que não podem faltar na vida de ninguém. Precisamos aprender a sempre olhar para frente, mas olhar com sabedoria. O mundo precisa dos jovens e dos idosos, a Igreja precisa aprender a valorizar os jovens e os idosos. O nosso mundo os vê como objetos de consumo. Nós, deveríamos vê-los como sujeitos da história, como imprescindíveis para o bem estar de todos.
Na entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, da Globo News, o papa Francisco fala do desafio de uma Nova Evangelização. O papa diz explicitamente que a Igreja não evangeliza através de documentos, mas através do encontro com as pessoas. Encontro não é somente se aproximar fisicamente, mas acolher as pessoas de “coração” e no “coração”. A nossa Igreja católica tem perdido essa capacidade de se aproximar das pessoas, principalmente nos momentos mais difíceis. Nós ficamos demasiadamente preocupados com as nossas celebrações. Os nossos líderes religiosos são mais homens do sagrado do que irmãos. Diante dos mesmos, os católicos tem mais medo do que amor. É por isso que o tema do encontro deve ser entendido como um desafio urgente. Vamos pensar: Jesus estava preocupado com celebrações ou com as pessoas? As pessoas diante de Jesus sentiam medo ou amor? Então, a Igreja não pode ser diferente de Jesus.
Atitude diante da Imagem de Nossa Senhora Aparecida. É claro que naquele momento ele se lembrou da Conferencia de Aparecida, mas também se colocou diante da imagem que é o símbolo da fé do povo brasileiro. Ele pediu por todos nós. Pediu para você, sua família, seus amigos, sua nação. Neste momento, o papa fez-se brasileiro. Vamos amar mais o nosso país? Que tal não viver sempre falando mal do povo brasileiro? Nós temos problemas, e muitos, mas também somos um povo maravilhoso.
O papa nos contagiou com sua singela alegria. Você já reparou que seu sorriso não é um sorriso forçado, tipo sorriso de fotografia. Parece ser uma alegria que brota do interior da pessoa. E é isso que nos atinge. A alegria é uma característica cristã. Nada de cultivar amargura no coração. Ser como as crianças. Nas tantas vezes que o papa pegou e abençoou as crianças, poderíamos entender que ele estava abençoando também a criança que está presente em cada um de nós.
A palavra papa significa pai, e nós precisamos urgentemente adquirir alguns traços do nosso pai espiritual. Precisamos ser mais filhos e filhas de Francisco.