Texto de P. Alcides Marques, CP
É muito interessante fazer a experiência de tomar contato com os sete momentos principais em que o Novo Testamento fala de Maria, a mãe de Jesus. Isso gera em nós o desafio de desenvolver uma espiritualidade mariana segundo a Palavra de Deus. Estamos quase terminando o Ano da Fé. Na busca de uma fé de qualidade, precisamos também rever as nossas devoções marianas. Rever, não eliminar. Maria ocupa e sempre ocupará um papel de destaque em nossa vida espiritual. A nossa sugestão é que você tome a Sagrada Escritura, leia e medite estas passagens do Novo Testamento que tratam diretamente de Maria. Não colocamos as passagens referentes ao nascimento e infância de Jesus, porque as ideias das mesmas estão subjacentes ao que vamos abordar.
1 – A verdadeira família de Jesus (Mc 3,31-35; Mt 12,46-50; Lc 8,19-31) – As pessoas alertam Jesus para a presença física de sua família de sangue. Jesus aproveita a ocasião (é o Mestre) e quer chamar a atenção para o fato de que a sua verdadeira família abrange todos aqueles que são capazes de se abrir aos desígnios de Deus. Maria, mais do que ninguém, foi aquela que se abriu incondicionalmente aos desígnios de Deus. “Eis a serva do Senhor…”. O valor de Maria não está tanto na maternidade física de Jesus, mas em sua profunda fidelidade ao plano de Deus. Eu me sinto parte da família de Jesus? O que faço e o que posso fazer pela Igreja?
2 – A insignificância social de Maria (Mc 6,3; Mt 13,55; cf. Jo 6,42) – As pessoas ficam admiradas diante da origem tão insignificante de Jesus. Maria é uma mulher pobre, simples, pouco letrada. O seu nome não contava entre as grandes mulheres daquele tempo. Participava do anonimato geral das mulheres do judaísmo. Sou capaz de perceber a presença materna de Maria nos momentos mais simples e insignificantes da vida?
3 – A superioridade do plano da fé (Lc 11,27-28) – Jesus alerta de que não pode haver felicidade maior do que aquela que brota da fidelidade à Palavra de Deus. Só é verdadeiramente feliz aquele que ouve e pratica a Palavra de Deus. Maria é o modelo maior desta fidelidade. “Faça-se em mim segundo a vossa Palavra”. Sou feliz pela fidelidade a Palavra de Deus?
4 – As bodas de Caná (Jo 2,1-11) – Ao chamar sua mãe de “mulher”, Jesus aproxima a função de Maria àquela de Eva (Gn 3,20). Maria é a nova Eva. É aquela que intercede e alcança. Não a que leva ao pecado, mas a que traz a graça. Ave-Maria, cheia de graça. Como percebo a manifestação da graça de Deus em minha vida? Cultivo, tal como Maria, o espírito de alegria?
5 – Maria aos pés da cruz (Jo 19,25-27) – O discípulo amado simboliza todos os discípulos de Cristo. No evangelho de João, o momento da cruz é chamado de a “hora”, o momento da salvação. Maria torna-se a verdadeira Eva (mulher), a mãe de todos os redimidos pelo sangue de Jesus. Como anda a minha solidariedade cristã? Sou solidário com aqueles que mais precisam?
6 – Nascido de mulher (Gal 4,4) – A encarnação de Jesus inaugura um novo tempo (plenitude). A frase “nascido de mulher” designa na Sagrada Escritura a condição humana de alguém. Isto tanto no AT (cf. Jó 14,1; 15,14; 25,4) quanto no NT ( Mt 11,11; Lc 7,28). O ser mulher de Maria é o instrumento humano da encarnação. Neste sentido, Maria representa todas as mulheres e confere a elas uma dignidade infinita. A encarnação de Jesus diviniza o feminino. Estou conseguindo desenvolver as minhas qualidades e capacidades humanas?
7 – Maria estava com os discípulos (At 1,14) – O texto insinua a presença de Maria no dia de Pentecostes. Pentecostes é o momento de uma explosão do novo, de uma explosão que inaugura o Novo Povo de Deus, a Igreja. A presença de Maria no momento fundante da Igreja assegura a sua presença contínua entre os discípulos de Jesus. Maria é a mãe da Igreja. Estou sempre presente na vida da minha Igreja, comunidade? Estou presente nos momentos em que os irmãos e irmãs mais precisam de mim?