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Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Comentando o nosso livro (São José – Uma Identidade revelada na Sagrada Escritura), um amigo achou original o uso que fizemos dos documentos pessoais para melhor identificar o Santo. Realmente, bom número dos capítulos tem presente, de modo especial, a Cédula de Identidade. Porém, outros documentos não foram olvidados. Assim, de certa maneira, pedimos ao Santo que “se identificasse”. Queríamos saber qual era o seu nome, a sua filiação, a naturalidade, a data do nascimento, a impressão digital, a fotografia. Examinamos, ainda, o registro geral (RG) e consideramos até o CEP e os CPF e o CIC.

José viveu em outra época, “sem lenço nem documento”, e em lugar esquecido; mas a burocracia seguramente o alcançou, se não para beneficiá-lo (o que é tão comum), ao menos para sugá-lo.

Conhecido provérbio italiano diz que “la gatta frettolosa fà dei gattini ciechi”, a saber, a gata se apressa tanto para dar à cria os seus filhotes que os faz nascerem cegos. Em outras palavras: se ela aguardasse mais uns dias, para alegria geral da nação, os filhotinhos nasceriam enxergando.

Foi o que nos aconteceu: tínhamos outros trabalhos esperando a sua vez e, premidos pela urgência, deixamos de considerar tantos atributos do Santo que mereceriam considerações. Tivemos que optar entre prolongar indefinidamente o trabalho, ou colocar ponto final na investigação; com isso, tanta coisa ficou olvidada. Paramos onde paramos e, assim mesmo o volume ficou alentado.

Mas, entre gracejo e seriedade fomos questionados pelo referido amigo: “por que não nos deu o telefone do Santo?”.  Aceitando a brincadeira, respondemos que o telefone fixo estava saindo da moda e que não tínhamos o direito de dar o número do celular. Seria abusar do direito de privacidade. Nestas alturas a conversa estava ficando mais séria e se questionou: por que não “fornecer” o e-mail de S. José? Em outras palavras se interrogava: como manter contato bastante tu-a-tu com ele? Como se achegar a ele, à sua vivência espiritual de maneira mais sistematizada, vivenciada?

Achamos que no nosso livro essa questão está um tanto difusa e diluída no texto reflexivo e, um pouco mais elaborada na chamada “Vivência”, no final de cada capítulo. Assim mesmo, procuramos imaginar como seria o e-mail mais adaptado que S. José escolheria. A nosso ver, o endereço eletrônico deve facilitar a identificação de seu portador, e retratar algo dele.

Regressando de Curitiba a S. Paulo, meditávamos a espiritualidade de S. José, o que lhe foi marcante em sua vida. Era-nos claro que ele se sabia em comunhão com o Deus que fala. Tanto que se mostrou sensível, não só ouvindo como acolhendo a Palavra de Deus. Assim, propiciou que à humanidade tivesse em seu seio e por ela o Filho Eterno do Pai. Abriu-se, então, em favor de todos, e se tornou ponte de duas mãos para que Cristo viesse a nós e que fôssemos a ele. Tudo isto ao lado de Maria e em favor dela que desempenhava missão idêntica. Tanto que com eles e devido a eles o Menino, sendo quem era, podia crescer em sabedoria, em estatura e graça diante de Deus e dos homens (Lc 2,51-52). Achamos, assim, ter descoberto o e-mail de S. José, e o passamos a todos: tcuehliosef@ceuterra.com.

Explicamo-nos: como vice-rei, José do Egito previu anos de fartura que seriam seguidos por outros de dolorosa carestia. Investiu na produção agrícola, construiu silos, armazenou o fruto de sucessivas produções abundantes.  Quando da carestia, o povo pedia pão ao faraó que lhe dizia: “ide a José” (Gn 41,47-55). Assim o período difícil foi vencido, superado.

Ontem o faraó enviava a população ao José do Egito. Hoje é a Igreja quem diz a todos: “ide a S. José!”. Não como muro de lamentações, mas como fonte e celeiro de santidade.

O Santo é modelo de fé, dos que estão sempre atentos à Palavra santificadora de Deus. É modelo de esposo, de pai, de cidadão. Não sem razão o número de seus devotos é incalculável.

A propósito: o estranho título deste artigo é o e-mail do Santo e significa: “ide a José”. Que ele, do celeiro de seu coração e de sua vida enriqueça os corações dos seus fiéis devotos.