O santo privilegiado

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Neste dia 24 de junho, festejamos S. João Batista!

A começar, o Precursor caiu no coração do povo. Quantas pessoas trazem o seu nome, quantas comunidades sob a sua égide, de modos diferentes e variados o celebram. E as celebrações vão dos terreiros de danças com comes e bebes até o altar.

Um dos grandes privilégios do Santo: era parente de Jesus. A este se ajunta o de ter sido o seu grande anunciador, mesmo não tendo consciência, na hora, do que fazia (Lc 1,39-45). Outro destaque: foi canonizado pelo Mestre: “de todos os homens nascidos de mulher, ninguém é maior do que João Batista” (Mt 11,11). E a ele foi dado batizar Jesus (Mc 1,9). De todos os profetas que anunciaram o Senhor, João foi quem o que o mostrou presente.

Mais: com razão, a Igreja comemora o dia da morte dos santos e santas chamando-o de natalício. Pelo nosso nascimento, damos início à nossa vida terrena. Ao morrermos, ingressamos definitivamente  na pátria celeste. Acontece que os demais santos e santas são festejados apenas no dia da morte; o Precursor é comemorado  no nascimento (24 de junho) e no seu martírio (29 de agosto).

Pelo fato da Natividade de S. João Batista acontecer no início do inverno, aqui no Brasil, as festividades externas são marcadas por fogueiras, bebidas quentes, muitas cores, danças, alimentos e doces e típicos da zona rural. O ambiente é de muita alegria.

Último profeta do Primeiro, e o primeiro do Novo Testamento, o Precursor se transformou em ponte entre ambas as alianças. É outro destaque de nosso Santo.

Como o pai Zacarias, ele era da classe sacerdotal, mas não exerceu o sacerdócio. Ao contrário, retirou-se no deserto onde vivia austera vida penitencial. Sua fama ultrapassava os limites da solidão e multidões o procuravam. A todos pregava a penitência, a mudança de vida e a preparação para a vinda do Messias. Testemunhou ser a voz predita pelo profeta que mandava preparar no deserto, o caminho para a vinda do Senhor. Disse que seu batismo era com água, mas alguém ainda desconhecido, e a quem não era digno nem mesmo de desamarrar a correia das sandálias, já se fazia presente (Jo 1,19-27).

No dia seguinte, ante mensageiros das autoridades de Jerusalém, ao ver Jesus se aproximando, o Precursor proclamou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Reconheceu ser ele o que batizaria no Espírito Santo e que era o ungido pelo Pai e que era o Filho de Deus (Jo 1,29-34).

Quando Jesus lhe pediu o batismo, relutou administrá-lo, pois se julgava indigno. Ante a argumentação do Mestre, batizou-o. Assim, Jesus e o seu ministério foram autenticados pelo importante testemunho de João e pela chancela divina do Pai e do Espírito Santo (Mt 3,11-17).

Destemido, o Batista não titubeava denunciar os pecados de quem quer que fosse; a todos pregava a conversão e anunciava a proximidade do Reino de Deus (Mt 3,7-12). Não poupou, em suas pregações, nem mesmo os pecados de Herodes. Todavia, os grandes não gostam de ser condenados ou criticados. E a atitude profética de S. João Batista custou-lhe a vida (Mc 6,14-29).

É interessante que festejemos o nosso Santo de maneira alegre como acontece em tantos lugares do Brasil. Mas que a alegria da celebração não nos faça esquecer as lições que ele nos deixa. Em primeiro lugar, a de termos os nossos corações voltados para Deus e para os irmãos, e de aprendermos  com ele que os valores terrenos são importantes; todavia, que não ofusquem os celestiais, que não nos desviem da nossa grande missão: o de procurarmos sempre as riquezas do Reino.

É importante, ainda, aprendermos com o Santo e como ele, que devemos testemunhar Jesus de todas as maneiras: com nossa vida, com nossa atitude, com nossas palavras. É importante, ainda, como ele vivenciar o nosso profetismo, denunciarmos tudo o que vai contra o projeto de Deus e anunciarmos, de toda as maneiras, o caminho do bem, da justiça e do amor.

 Que S. João Batista nos ilumine e nos proteja.