De Páscoa em Páscoa

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

A festa da Páscoa se deu há cinco semanas e, na liturgia, ainda ecoa sua mensagem salvífica. As celebrações insistem para que, de Páscoa em Páscoa, caminhemos até a definitiva:

“Às núpcias do Cordeiro
em brancas vestes vamos.
Transposto o mar Vermelho,
Ao Cristo Rei cantamos”.

Páscoa significa, saltar, pular, e o verso recorda o fato dos judeus, saindo da escravidão do Egito, “pularam, saltaram, passaram” pelo mar Vermelho. Nosso poeta, então, no segundo verso nos recorda como devemos passar pelo rubro mar do sangue de Cristo:

“Por nós no altar da cruz,
seu corpo ofereceu.
Bebendo deste sangue,
nascemos para Deus”.

Mas antes de passar pelo mar Vermelho, os judeus viram o anjo exterminador “passando, pulando” as casas dos judeus, pois os batentes das portas estavam assinaladas com o sangue do cordeiro:

“Seu sangue em nossas portas,
afasta o anjo irado.
Das mãos de um rei injusto
seu povo é libertado”.

O verdadeiro cordeiro pascal, porém, é o Senhor imolado na cruz. Pelo seu sangue somos libertos da verdadeira morte, a eterna. Os cordeiros pascais judaicos cediam lugar ao real Cordeiro Pascal:

“O Cristo nossa Páscoa,
morreu como um Cordeiro.
Seu corpo é nossa oferta,
pão vivo e verdadeiro”.

Saindo da escravidão egipcíaca, os judeus enfrentaram as agruras do deserto. Mas sabiam não caminhar em vão: a terra onde corre leite e mel os esperava. Neste mundo, o cristão se sabe peregrino e não andarilho: a Pátria definitiva o aguarda (Hb 13,14).

“Ó vítima verdadeira,
do inferno a porta abris,
livrais o povo escravo,
dais vida ao infeliz”.

E o poeta orante continua em sua alegre mensagem pascal:

“Jesus, Pascal Cordeiro,
em vós se alegra o povo
que, livre pela graça,
em vós nasceu de novo”.

Este piedoso e profundo hino mereceria ser citado integralmente. Mas que, mesmo fragmentado, ele possa alimentar a oração litúrgica neste período pascal. E que, mais fortalecidos possamos, de páscoa em páscoa, com Cristo, a nossa Páscoa, chegarmos à páscoa definitiva. Constataremos, então, que nossa peregrinação terrena não foi em vão. Então, terminemos com o poeta orante:

“A glória seja ao Cristo,
da morte vencedor.
Ao Pai e ao Santo Espírito
o nosso igual louvor”.