Palavra de Deus e Lei de Deus

Tabua da Lei

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

No início da história dos judeus é dito que Deus primeiro libertou o povo e só então lhe propôs especial aliança. Jamais se afirmará sobejamente que aliança, testamento, casamento, são sinônimos. Com esta afirmação fica claro que o Primeiro Testamento relata a caminhada do povo judeu como tal, mas aberta ao Novo Testamento que é a complementação e o ápice daquele. O objetivo final de Deus é o bem de toda a humanidade.  Com a Nova Aliança, por sinal, a definitiva, cessa a que fora transitória, sinal. Continue lendo “Palavra de Deus e Lei de Deus”

Batismo em nome do Senhor

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Desde sempre a água foi tida como portadora de sublimes mensagens.

Durante muito tempo a humanidade se viu forçada a não se afastar dela para poder viver. Os grupos humanos se condensavam à beira dos rios, da fontes. Conseguiram se afastar deles quando descobriram que era possível  encontra-las ou escavando poços, ou conseguindo-a por meio de aquedutos cujas ruínas romanas que atravessam enormes descampados e longas distâncias são motivos de admiração. Continue lendo “Batismo em nome do Senhor”

Cristo na Bíblia

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Quando o primeiro ser humano pecou, a obra da criação ficou comprometida. O pecado, mais que uma desobediência, foi e continua sendo uma opção de auto-suficiência perante Deus. Com isso, o ser humano ficou excluído da comunhão com o Criador: Gn 3,6-11. Surge, daqui uma série de desencontros: o conjugal (Gn 3,12), o fraternal (Gn 4,3-11), o social: Gn 11,1-9. A humanidade se perverte: Gn 6,5ss. Há ruptura até entre o ser humano e o mundo: Gn 3,13-19. Ele se vê dividido em si mesmo: Tm 7,18-20. O Criador, nesse cataclismo, promete alguém que restauraria a ordem perturbada: Gn 3,14-15. Seria o anunciado Restaurador.

Povos usavam oferecer as primícias aos deuses. Não excluíam os primogênitos humanos que pertenceriam às divindades. Compreende-se como Abraão, entre os cananeus, estivesse pronto a imolar Isaac, o filho único (tipo): Gn 22,1ss. Os judeus não admitiam essa prática: dispunham do sacrifício de substituição ou de resgate (Nm 18,15) que livraria Jesus de ser imolado: Lc 2,22ss. Mas, como antítipos, o Pai Eterno não deixou de sacrificar o Filho Unigênito: Rm 8,32. Assim Jesus começou a ser anunciado pelas Escrituras. Continue lendo “Cristo na Bíblia”

Uma outra presença

Texto de P. Alcides Marques, CP

Presença e ausência nem sempre são excludentes. Muitas vezes são até interligadas. Tem presença que é ausência e tem ausência que é presença. Sabe aquela história de estar só fisicamente presente? Como a música da Zizi Possi: “perigo é ter você perto dos olhos, mas longe do coração”. Isso acontece quando convivemos com muitas pessoas e ficamos com a sensação de estarmos sozinhos. Por outro lado, existem experiencias de ausência que se tornam verdadeiras presenças. Na parábola do filho pródigo, o filho mais novo, afastado do pai pelos seus erros, sentiu uma presença misteriosa do pai em seu interior ao reconhecer a bondade do mesmo (que trata os seus empregados como seres humanos). Quantas pessoas e experiencias ficam gravadas em nossa mente e servem de força motivadora nos momentos mais difíceis da vida! Continue lendo “Uma outra presença”

Eu sou a verdade

Texto de P. Alcides Marques, CP

Estamos vivendo numa época em que constantemente estamos ouvindo pessoas ou grupos afirmando direta ou indiretamente que são possuidores da verdade, como se dissessem “eu tenho a verdade” e a verdade está comigo e não com os outros. Como são tantas as pessoas, ficamos com a impressão de que cada uma delas possui a sua verdade. Em meio a esse emaranhado de propostas, o Evangelho de São João apresenta Jesus dizendo “eu sou a verdade”; não, eu tenho a verdade. Continue lendo “Eu sou a verdade”

Amor de Deus, amor de mãe

Texto de P. Alcides Marques, CP

O pensador Erich Fromm tem uma obra chamada “a arte de amar”. Ao falar do amor materno, o autor especifica a qualidade deste amor: é um amor incondicional; a mãe ama o seu/sua filho/a simplesmente por ser o “seu” filho e não porque atende esta ou aquela expectativa. É claro que a mãe também tem expectativas em relação aos seus filhos, mas estas expectativas não irão condicionar o seu amor. Nos presídios, a maioria das visitas são de mães. Uma mãe poderia dizer o seguinte: eu amo o meu filho porque eu não saberia como não o amar. Continue lendo “Amor de Deus, amor de mãe”

A páscoa de ontem, de hoje e de amanhã

Texto de P. Alcides Marques, CP

“A páscoa não é só hoje, a páscoa é todo dia!” Provavelmente, você já ouviu este canto no tempo pascal (do domingo da ressurreição até pentecostes). É um canto realmente bonito e exprime algo de muito importante na vida cristã: o reconhecimento da dimensão pascal de nossa existência. A páscoa aconteceu, acontece e acontecerá.

Os discípulos de Jesus tiveram o que se pode chamar de experiência do Ressuscitado, ou seja, viram mesmo o Senhor Ressuscitado. As narrações bíblicas do Novo Testamento deixam bem claro que os primeiros cristãos acreditaram na ressurreição de Cristo, não porque encontraram o sepulcro vazio, mas porque viram o Senhor Ressuscitado. Não por uma razão negativa (ausência do corpo), mas positiva (presença plena, completa, revelada). O mundo da morte não venceu Jesus. Tentou, mas não venceu! Continue lendo “A páscoa de ontem, de hoje e de amanhã”

A dinâmica de Jesus

Texto de P. Alcides Marques, CP

São Paulo Apóstolo, na carta aos Filipenses, apresenta a dinâmica de vida de Jesus Cristo. Tal dinâmica pode ser sintetizada em três palavras: desprendimento, encarnação e serviço. A vida toda de Jesus foi sempre desprendimento, encarnação e serviço. Falamos em dinâmica porque se refere a algo que põe em movimento (“dynamis” = energia, força) e que se faz presente de uma forma integrada; de tal forma que não pode separar estes três aspectos. A nossa reflexão tem como objetivo não só apresentar a dinâmica de Jesus, mas de contribuir para que cada um de nós tome consciência de que esta dinâmica deve fazer parte da vida de todos nós enquanto seguidores de Jesus Cristo. “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,5). Continue lendo “A dinâmica de Jesus”

Necessidade, desejo e fraternidade

Texto de P. Alcides Marques, CP

As experiências humanas precisam ser entendidas o mais corretamente possível, uma vez que a maneira concreta como nós as entendemos pode sim impulsionar erros de avalição e assim criar a falsa sensação de frustração e fracasso. Não é à toa que falamos em “fazer tempestade em copo d’agua”.  Esse é o caso das experiencias de necessidade e desejo.

Em nosso cotidiano, tanto em relação a nós quanto em relação aos outros, nos debruçamos constantemente com as chamadas “experiências de espera”: eu espero (realizar, que aconteça) isso ou aquilo; o outro espera de nós isso ou aquilo. Mais concretamente: eu espero almoçar, fazer uma caminhada, visitar um amigo, ir ao médico etc. Observe, no entanto, que estas experiencias precisam ser entendidas de duas maneiras: ou como necessidade ou como desejo. Se eu (ou os outros) espero é porque está faltando, mas o que falta pode (desejo) ser realizado ou deve (necessidade) ser realizado. Continue lendo “Necessidade, desejo e fraternidade”

Liberdade como acontecimento

Texto de P. Alcides Marques, CP

É sempre cativante refletir sobre a questão da liberdade. Mais ainda em nossos tempos, em que a liberdade individual avançou em todas as direções, mas também trouxe uma imensa gama de desafios e preocupações. O que é mesmo liberdade? Somos realmente livres? O cristianismo ajuda ou atrapalha o caminho da liberdade? Abraham Joshua Heschel foi um dos maiores teólogos judeus do século XX e tem uma linha de reflexão bastante original. E é lógico que, profundamente enraizado na tradição bíblica. Continue lendo “Liberdade como acontecimento”