O Ano litúrgico gira em torno de dois acontecimentos centrais: o Natal de Jesus (nascimento) e a Páscoa de Jesus (Ressurreição). Para ambos os acontecimentos existe um período de preparação. No caso do Natal, o advento: um período de 4 domingos que antecede o dia 25 de dezembro. Já para a páscoa, existe o período da quaresma.
A palavra quaresma vem do latim “quadragésima” que significa quarenta e nos remete para os quarenta anos de caminhada no deserto rumo a terra prometida por parte do povo de Israel e também aos quarenta dias de jejum e de Nosso Senhor Jesus Cristo antes do início de sua vida pública. O número 40 simboliza, portanto, um período de caminhada rumo ao plano divino de salvação. Um período de luta contra o mal e suas tentações.
A quaresma deste ano começa no dia 06/03 e termina no dia 18/04, antes da celebração da Ceia do Senhor (que marca o início do tríduo pascal: quinta, sexta e sábado). Se você contar os dias, chegará ao número de 44 dias. A razão para esta diferença encontra suas raízes na própria tradição eclesial.
Em tempos antigos, a quaresma ia até o sábado antes da Páscoa; englobando um período de 46 dias. Isso porque os 6 domingos da quaresma (incluindo Ramos) não eram contados como períodos de penitência e jejum. Assim sendo, a quaresma tinha realmente quarenta dias.
Em tempos recentes, o Papa Paulo VI fez questão de frisar que a quaresma vai até a quinta-feira santa e, por isso, ficamos com os atuais 44 dias. Eis o que diz a Carta apostólica de Paulo VI (1969), quando aprovou as Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano geral: “O tempo da Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive” (n. 28).
A quaresma é o período de preparação para a Páscoa do Senhor. Páscoa é vitória da vida. Na Páscoa, a vida vence a morte. Qual seria então a melhor forma de se preparar para a festa da vitória da vida? Afastando de nossas vidas tudo que concorre para a vitória da morte, sobretudo o pecado. E esse é sentido maior da quaresma. A penitencia quaresmal tem a ver com a renúncia de tudo o que contribui para uma vida de pecado. É por isso que precisamos intensificar a oração (incluindo a leitura e meditação da palavra), a fraternidade (particularmente através da Campanha da Fraternidade e da solidariedade para com os pobres e todos os que sofrem) e o jejum (de alimentos, de hábitos negativos, de comportamentos destrutivos). Nesse sentido, torna-se o período mais adequado para recorrer ao sacramento da Penitência.
A liturgia torna-se um poderoso instrumento para o desenvolvimento de um espírito quaresmal: as cinzas recebidas no início da quaresma; as vestes e os paramentos usados são da cor roxa (no quarto domingo da Quaresma, pode-se usar o róseo, representando a alegria pela proximidade da Páscoa); o Hino de Louvor não é recitado; a aclamação do “Aleluia” também não; não se enfeitam os templos com flores; o uso de instrumentos musicais torna-se moderado, apenas sustentando o canto e assim por diante.