Norton I

Texto de P. Alcides Marques, CP

Você sabia que os Estados Unidos já tiveram um rei? Quer dizer: não rei no sentido estrito do termo, como o Brasil com Dom Pedro I e II. É que no ano de 1859, um cidadão de São Francisco (Califórnia) se autoproclamou rei sob o nome de Norton I. Ele ficou conhecido na história como “Imperador dos Estados unidos” (posteriormente, se proclamou protetor do México). O interessante na história deste personagem não é o fato do mesmo ter se proclamado rei, mas a maneira como as pessoas da cidade lidaram com este fato. E é isso que vamos refletir. Continue lendo “Norton I”

O Deus escondido

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Dando continuidade ao que se considerou em “No início era a Palavra”, é de afirmarmos, de antemão que, em si, Deus é inacessível. Contudo, ele toma a iniciativa e vem aos humanos das mais variegadas maneiras. Por isso o Profeta nos diz que ele é o Deus escondido (Is 45,15), mas que se revela.

O versículo apresenta vários desafios, mas de maneira geral afirma que, da sua inacessibilidade, ele se achega salvificamente ao ser humano. Trata-se de Deus que se esconde e se revela ao mesmo tempo, como fazia pela coluna de nuvem que o ocultava e que, ao mesmo tempo, mostrava estar presente como guia (Ex 13,21-22). O ponto alto de Deus revelar-se e ao mesmo tempo ocultar-se, se deu em Cristo que assumiu corpo como os demais mortais escondendo sua origem divina. Continue lendo “O Deus escondido”

No início era a Palavra

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

O objetivo de nossa consideração é refletir a Palavra de Deus, o grande dom celestial concedido à humanidade. Eu vibro ante o esforço do poeta ao compor o Sl 119 (118), exaltando a mensagem divina. Em esforço verdadeiramente hercúleo e desafiador de santo e de poeta, ele compõe a referida poesia com 22 estrofes (número das letras do alfabeto hebraico), cada uma delas composta com oito versos. Continue lendo “No início era a Palavra”

A era da incerteza

Texto de P. Alcides Marques, CP

“A era da incerteza” é o nome de um livro do famoso economista canadense John Kenneth Galbraith, lançado em 1977. Nesta obra, o autor aborda as grandes transformações econômicas e as suas consequências na vida social da humanidade. A palavra incerteza veio para caracterizar a quebra de qualquer sentimento de segurança e previsibilidade. Mas, a nossa intenção não é falar em economia, mas da maneira como os seres humanos estão entendo a vida nos últimos tempos. Poderíamos dizer que a incerteza não diminuiu, mas está se ampliando ainda mais. O que fazer? Abraçar o relativismo ou fugir no passado? É possível dar testemunho cristão nesse mundo em que vivemos? Continue lendo “A era da incerteza”

Quaresma à vista

Texto de P. Mauro Odoríssio, CP

Entre os mais de cem artigos que publiquei por meio desta página paroquial, este é, no mínimo, o segundo que versa sobre a Quaresma. Esta deve ser tempo forte na vida espiritual da comunidade e de cada um. Isto não acontecendo, deixa-se de construir a tenda preconizada pelo Apóstolo (Mt 17,4). No caso, precisaríamos destruir o barraco circense de vida religiosa ilusória, enganadora. Continue lendo “Quaresma à vista”

Campanha da Fraternidade

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

Como acontece todos os anos, desde 1964, no tempo da quaresma, a igreja católica no Brasil propõe um caminho concreto de construção da fraternidade. Neste ano de 2018, o tema é: “fraternidade e superação da violência” com o lema: “Em Cristo somos todos irmãos” (Mt 23,8).

O seu manto está sempre aberto para nos acolher

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO por ocasião da festa da trasladação do ícone mariano da “salus populi romani” – Basílica de Santa Maria Maior
Domingo, 28 de janeiro de 2018

Recorremos, procuramos refúgio. Os nossos pais na fé ensinaram-nos que, nos momentos turbulentos, é preciso acolhermo-nos sob o manto da Santa Mãe de Deus. Outrora os perseguidos e os necessitados procuravam refúgio junto das mulheres nobres da alta sociedade: quando o seu manto, que era considerado inviolável, se estendia em sinal de acolhimento, a proteção era concedida. O mesmo, fazemos nós em relação a Nossa Senhora, a mulher mais excelsa do género humano. O seu manto está sempre aberto para nos acolher e recolher-nos. Bem o recorda o Oriente cristão, onde muitos celebram a Proteção da Mãe de Deus, que, num lindo ícone, é representada com o seu manto abrigando os filhos e cobrindo o mundo inteiro. Os próprios monges antigos recomendavam que, nas provações, nos refugiássemos sob o manto da Santa Mãe de Deus: invocá-La – «Santa Mãe de Deus» – já era garantia de proteção e ajuda, repetindo apenas assim: «Santa Mãe de Deus», «Santa Mãe de Deus»…

Esta sabedoria, que vem de longe, ajuda-nos: a Mãe guarda a fé, protege as relações, salva nas intempéries e preserva do mal. Onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra. Onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra. Onde está a Mãe, a perturbação não prevalece, o medo não vence. Quem de nós não precisa disto? Quem de nós não se sente às vezes perturbado ou inquieto? Quantas vezes o coração é um mar em tempestade, onde as ondas dos problemas se amontoam e os ventos das preocupações não cessam de soprar! Maria é a arca segura no meio do dilúvio. Não serão as ideias ou a tecnologia a dar-nos conforto e esperança, mas o rosto da Mãe, as suas mãos que acariciam a vida, o seu manto que nos abriga. Aprendamos a encontrar refúgio, indo todos os dias junto da Mãe.

Não desprezeis as súplicas: continua a antífona. Quando nós A imploramos, Maria pede por nós. Há um lindo título em grego – Grigorusa – que significa «Aquela que intercede prontamente». E este termo «prontamente», usa-o Lucas no Evangelho para Maria quando foi visitar Isabel: à pressa, imediatamente! Intercede prontamente, não demora, como ouvimos no Evangelho, onde imediatamente leva a Jesus a necessidade concreta daquelas pessoas: «Não têm vinho» (Jo 2, 3), e não acrescenta mais nada! Assim faz, sempre que A invocamos: quando nos falta a esperança, quando escasseia a alegria, quando se esgotam as forças, quando se obscurece a estrela da vida, a Mãe intervém. Está atenta ao cansaço, sensível às turbulências – as turbulências da vida –, próxima do coração. E nunca, nunca despreza as nossas orações; não deixa perder-se uma sequer. É Mãe, nunca Se envergonha de nós; antes, só espera poder ajudar os seus filhos.