Ira

Texto de P. Alcides Marques, CP

A ira ou cólera é um dos sete pecados capitais. É o mais perigoso de todos, pois pode levar à destruição física ou moral de uma pessoa. Quantos crimes já aconteceram impulsionados pela ira?

A ira está ligada ao impulso de agressividade presente em todo ser humano e também nos animais. Trata-se da resposta emocional ao fato de estarmos sendo agredidos direta ou indiretamente (outra pessoa). Vejamos o caso de uma agressão física: ou nós revidamos a agressão (quando podemos) ou nós nos submetemos a agressão (quando não podemos). Nos dois casos, mas, especialmente no segundo, haverá o desenvolvimento de um sentimento de ira que vai se manifestar em desejos destrutivos em relação ao agressor.  Tal impulso não é necessariamente negativo, pois brota da nossa própria natureza. O problema é quando tal impulso não é controlado por nós e nós nos deixamos levar por ele. E assim os desejos destrutivos acabarão se transformando em atos destrutivos. Em lugar da justiça, vai prevalecer a vingança. Continue lendo “Ira”

Ser, para viver e agir

Texto de P. Mauro Odoríssio, CP

As Leituras Litúrgicas do 1º Domingo  da Quaresma são vivíssimos apelos a uma vida nova, à conversão que não é mera passagem de uma “religião para outra”. Bem ao contrário, é solicitação  de crescimento  diuturno de estado de menor para maior perfeição.  E nem poderia ser diferente, uma vez que a finalidade última do cristão é “ser perfeito como o Pai Celeste o é” (Mt 5,48).

O grito suplicante lançado pelo Salmista  há milênios chegou vivíssimo aos corações dos que participaram da Eucaristia: “Purificai-me… lavai-me todo inteiro… apagai a minha culpa…. criai em mim um coração que seja puro” (Sl 51[50],3-4.12). Continue lendo “Ser, para viver e agir”

Luxúria

Texto de P. Alcides Marques, CP

Em sentido etimológico, a palavra de origem latina “luxuria” quer dizer abundância, extravagancia, excesso. Mais precisamente, vem de “luxus” (deslocado) e “luctari” (lutar). Podemos imaginar algo que está deslocado do seu devido lugar por causa de uma luta, como o caso de um lutador que deslocou o seu ombro em razão do soco de um adversário. A palavra é parecida com luxo, que significa excesso de conforto. Nos tempos antigos (?!), o excesso na sexualidade estava bastante ligado a uma vida de luxo. E assim a palavra acabou se tornando sinônimo de uma sexualidade desregrada, descontrolada. Continue lendo “Luxúria”

Sede perfeitos como o Pai Celeste

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Em nosso caminhar pelas sendas da vida, sentimos necessidade de fazer opções a cada instante. De imediato tem lugar as avaliações que, sob determinados parâmetros serão consideradas boas ou más. Exige-se que as normas ou princípios sejam estáveis, imutáveis, permanentes, justas. Só com elas teremos condições de estatuir ou de avaliar o agir humano como bom, ótimo, ruim, péssimo.  Caso elas pequem no seu ser e no seu agir, serão más e não terão condições de ser estrada vivencial na vida dos humanos. Sob tal prisma é possível distinguir as ações humanas conscientes como amorais, morais ou imorais. Neste processo teremos condições de avaliar nossos atos. E o primeiro tribunal ao qual nos submetemos, conscientemente ou não, é a chamada sindérese, a voz interior silenciosa, mas altissonante, da consciência que nos repreende quando fazemos o mal ou nos aprova quando praticamos o bem. Continue lendo “Sede perfeitos como o Pai Celeste”

Descobrindo a roda redonda

Texto de P. Mauro Odoríssio, CP

Entre outras matérias bíblicas, por muitos anos lecionei “Sinóticos”. Refiro-me aos Livros Mateus, Marcos, Lucas e Atos dos Apóstolos. Os dois últimos foram escritos pelo mesmo Autor: Lucas.

A maioria dos alunos era seminarista. Havia mulheres e todos eram teólogos. A grande maioria almejava ser padre e dedicar-se à vida pastoral, paroquial. Alguns poucos, mesmo como futuros presbíteros, tinham em vista especializações diversificadas. Eu procurava atender a todos os anseios e dar-lhes fundamentação e informação, abrindo janelas para quem tinha ambições mais elevadas. Continue lendo “Descobrindo a roda redonda”

São José e o Natal

Texto de Pe. Mauro Odoríssio, CP

Nem sempre S. José é devidamente considerado no contexto natalino. Humilde como sempre foi, pode ficar esquecido; mas no seu silêncio proverbial, notório, ele tem muito a dizer.

De estirpe real, descendente de Davi, entra na história sem se apresentar, deixando que os acontecimentos falem dele. Não se sabe como, mas aos moldes dos judeus, ele havia adquirido a adolescente Maria para que fosse sua esposa. Aguardava o momento certo que lhe era dado para, festivamente, levá-la para a humilde gruta e viverem como os demais casais da paupérrima Nazaré.  Sem maiores explicações o Evangelista diz que, “antes de viverem juntos” Maria ficou grávida pela ação do Espírito Santo (Mt 1,18). Continue lendo “São José e o Natal”

Avareza

Texto de P. Alcides Marques, CP

A avareza se caracteriza pelo apego descontrolado e demasiado ao dinheiro e às coisas materiais. Uma coisa é ter o dinheiro como um meio, um instrumento, para a aquisição do que é essencial e importante para a vida. Outra é fazer do dinheiro uma finalidade em si mesma; é a história de ter por ter. O avarento vive em função do dinheiro e para a aquisição de sempre mais dinheiro, não se importando com os meios para adquiri-lo. A onda de corrupção que assola as nossas sociedades é um dos sinais mais visíveis de como o dinheiro pode se transformar num objetivo de vida. Infelizmente. Continue lendo “Avareza”

Orgulho

Texto de P. Alcides Marques, CP

Sabemos que a palavra orgulho pode ser utilizada em sentido positivo, como: tenho orgulho de minha família; orgulho dos amigos que tenho; da minha profissão etc. No entanto, na maioria das vezes, orgulho é sinônimo de soberba e arrogância. É o primeiro da lista dos pecados capitais. Santo Tomás de Aquino chegou a colocá-lo fora da lista. Isso porque ele estaria acima de todos os outros e teria uma ligação com todos os outros. Mas a tradição acabou mantendo-o na lista como o primeiro, uma espécie de locomotiva dos pecados. Continue lendo “Orgulho”

Sofrimento

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

Pediram-me que tecesse alguma consideração sobre o sofrimento. Mas o que dizer de algo que não tem existência própria? Ontologicamente, isto é, como ser, ele não existe. Alguém o viu andando por ai? Existe o sofredor, o que interna ou externamente é por ele envolvido. E são tantos que merecem atenção.

Acredito ser bastante válido começar a reflexão com o exemplo da “luzinha vermelha” no painel do carro. Na pior das hipóteses, ela é ótimo sinal de alerta. Pode não ser agradável, mas é benfazeja. Assim, é abençoada aquela dor desagradável que nos leva a descobrir algo sério em nosso interior. Continue lendo “Sofrimento”