Nascer morrendo e morrer ressuscitando

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

O título que encima este artigo me veio como que por geração espontânea. Assumo-o, de imediato, para que, liberado, possa dar prosseguimento à reflexão que pede urgência.

Hoje, no primeiro encontro de oração comunitária, me senti impregnado por aluvião de textos dos quais a flux emergiam conceitos aparentemente excludentes, mas estreitamente vinculados entre si: “morte” e “vida” (ou ressurreição). Algumas amostragens: “A vida dos justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá. Aos olhos dos insensatos pareciam ter morrido…” (Sb 3,1-2). São Clemente, como que solicitado, comentou: “Consideremos, diletos, de que modo o Senhor continuamente nos mostra a futura ressurreição, que tem por primícias o Senhor Jesus Cristo, a quem ressuscitou dos mortos. Pensemos na ressurreição que se dará em seu tempo”. Não concordo em tudo com o Santo. Continue lendo “Nascer morrendo e morrer ressuscitando”

O dinheiro é importante, mas…

Texto de P. Alcides Marques, CP

Hoje vamos falar de dinheiro. Estamos enfrentando uma crise econômica terrível e o dinheiro parece que não é mais suficiente para mantermos o nosso padrão de vida costumeiro. No mundo todo, o dinheiro tem sido o foco principal de guerras e tensões. Até mesmo os relacionamentos familiares são fortemente marcados pelo dinheiro. São muitas as separações de casais impulsionadas por problemas financeiros. Quantas famílias se dividem na hora da repartição de herança dos pais? Parece que o dinheiro é o pai de todos os problemas. Continue lendo “O dinheiro é importante, mas…”

As matizes da oração paulocruciana

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

É importante saber distinguir o genérico do específico. Aquele indica o que é comum a um grupo; este enfatiza nuanças ou matizes nos componentes da totalidade. O genérico dos humanos é raciocinar. Mas há quem raciocina sensatamente: isto é o específico. A oração é genérica quando trinitária e em comunhão com os irmãos; específica ao ser vocal, meditativa, contemplativa, unitiva, etc.

A nossa Paróquia de S. Sebastião está confiada aos cuidados dos Passionistas cujo Fundador é S. Paulo da Cruz. O Santo será celebrado no próximo dia 19 de outubro. Por isso, ele começou a ser evocado, na liturgia, com a entrada de um banner que traz a sua imagem. Continue lendo “As matizes da oração paulocruciana”

As crises da vida e suas oportunidades

Texto de P. Alcides Marques, CP

Já é comum as pessoas tratarem as crises da vida de um ponto de vista muito negativo. “Eu estou passando por uma crise”; “minha família está em crise”; “o nosso país enfrenta uma crise”; “a crise da Igreja se prolonga” e assim por diante. Parece que crise é sempre uma situação ruim que deve ser superada o quanto antes. A crise é quase sempre colocada como um momento isolado. Nada mais. Continue lendo “As crises da vida e suas oportunidades”

O viver é Cristo e o morrer é lucro

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

O poeta cantor disse que “tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu… faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há… mas eis que chega a roda-viva e carrega a roseira pra lá”.

Isto acontecendo, é como se vendaval passasse a tudo destruindo  e sonhos aniquilando.

Mas “tem dias”, também, quando se tem a impressão de que a chuva benfazeja chove no roçado. Continue lendo “O viver é Cristo e o morrer é lucro”

Derrubou o muro da separação

Texto de P. Mauro Odorissio, CP

A fotografia da criança síria morta na praia e depois, nos braços de um militar que a recolheu, tocou a humanidade toda. E não sem razão.

Pergunta-se: até quando o desequilíbrio nos levará à exacerbação do instinto tanático (a tendência para o ódio, para  morte do próximo), fazendo com que nos comportemos pior que os irracionais?

Será que gritaremos, protestaremos, rasgaremos as nossas vestes clamando “blasfêmia”, como o sumo sacerdote perante Cristo (Mt 26,65), até que venha outra notícia chocante, proposta pela mídia, e a anterior volte ao olvido sem deixar consequências positivas? Repetiríamos a dolorosa tese de Gattopardo propondo uma revolução sem fim “para que tudo permaneça como está”? Continue lendo “Derrubou o muro da separação”

A vida precisa de sentido?

Texto de P. Alcides Marques, CP

No mundo em que vivemos um dos desafios mais fortes é o que diz respeito ao sentido da vida. Teria a vida realmente um sentido? Precisamos realmente de um sentido para viver? É preciso nutrir tal tipo de preocupação? Ou será que devemos viver conforme a onda, deixando a vida nos levar pra onde ela quiser (Skank)? O Evangelho tem hora que diz que não devemos nos preocupar com nada, mas tem hora que fala em caminhada, seguimento. Vários pensadores trabalharam esta questão. Vamos percorrer a solução (?) apresentada por três deles. Continue lendo “A vida precisa de sentido?”

Harvey Cox, Igreja e cidade

Texto de P. Alcides Marques, CP

No distante ano de 1965, o teólogo norte-americano Harvey Cox escreveu um livro chamado “A cidade secular”. Cox tinha uma visão extremamente positiva da cidade. É que no contexto social do autor, a urbanização se impôs como algo relativamente saudável e fruto de um processo gradual de desenvolvimento econômico. No entanto, havia (ou ainda há?) um problema: os líderes religiosos cristãos não perceberam que a urbanização veio para ficar e teimavam em viver demonizando a cidade e os seus valores em nome de uma leitura fundamentalista (literal) da Bíblia. O mérito de Cox foi o de mostrar que a Bíblia, longe de ser contra, é sim a favor da cidade. Continue lendo “Harvey Cox, Igreja e cidade”

O porquê do Antigo Testamento

Texto de P. Alcides Marques, CP

No século II da era cristã apareceu um sujeito chamado Marcion, adepto do gnosticismo, que no afã de afirmar a novidade de Jesus Cristo, negava toda possível influencia judaica no cristianismo. Na prática, ele e seus seguidores negavam todo o Antigo Testamento e o que do Novo Testamento fazia algum tipo de ligação entre as duas alianças. A sua doutrina foi condenada pela Igreja como heresia. Nós cristãos devemos reconhecer como inspirados todos os livros do Antigo Testamento. Mas fica uma questão: que possível ajuda os livros do Antigo Testamento pode nos oferecer? Será que não somos marcionitas sem querer? Continue lendo “O porquê do Antigo Testamento”